Porco et al estudaram uma situação em que um flebotomista na Califórnia admitiu recusar intencionalmente agulhas.
Estimaram a probabilidade de transmissão do VIH (bem como a hepatite B/C) com base na prevalência populacional (a primeira pessoa precisa de ser VIH+), probabilidade de transmissão (é necessário que o vírus permaneça vivo e seja transferido para a segunda pessoa para causar a infecção), e taxa de reutilização das agulhas.
Para o VIH, o risco variava de 1,4 em 100 milhões no melhor cenário (baixa prevalência, baixa taxa de transmissão, número correcto de reutilizações notificadas) a 6,8 em 1 milhão (mais pessoas já seropositivas do que o esperado, taxa de transmissão mais elevada, 100X mais reutilização do que a notificada). O melhor cenário descrito é uma situação em que cada agulha era reutilizada 5-10 vezes.
Mesmo este melhor cenário é muito pior do que um evento de reutilização acidental, porque tudo isto se baseia num cenário de recusação conhecida e intencional de cada agulha.
Em resumo, o risco de transmissão do VIH a partir da reutilização acidental é efectivamente zero. Não existe uma forma plausível de confundir uma agulha usada com uma agulha não usada no fluxo de trabalho. Só se corre o risco numa situação em que as agulhas são intencionalmente reutilizadas, e mesmo assim o risco é baixo, a menos que se esteja numa área em que a prevalência do VIH é muito elevada. A má utilização intencional ocorreu mesmo em locais como os EUA (e talvez a Europa; tenho conhecimento de casos dos EUA mas não da Europa) mas é mais provável em locais com incentivos mais fortes para poupar custos, por exemplo, num evento recente no Paquistão.
@CareyGregory teve uma boa sugestão num comentário que, se está de alguma forma preocupado, pede ao pessoal que o acompanhe ao longo do procedimento: se nada mais, isto deve tranquilizá-lo quanto ao processo.
Porco, T. C, Aragão, T. J., Fernyak, S. E., Cody, S. H., Vugia, D. J., Katz, M. H., & Bangsberg, D. R. (2001). Risco de infecção por reutilização de agulhas num centro de flebotomia. American journal of public health, 91(4), 636.